Quais os caminhos para incentivar a formação docente e garantir a permanência de professores/as na Educação Básica?
Esse questionamento se faz necessário diante do resultado do Censo da Educação Superior de 2022, o mais recente levantamento sobre o tema divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep, vinculado ao Ministério da Educação-MEC.
A pesquisa revela uma triste realidade: ao menos 58% dos alunos de cursos de licenciatura, destinados à formação docente, abandonaram a universidade antes de receber o diploma.
Esta é a maior taxa de desistência da década. Se a tendência persistir, em apenas 15 anos o Brasil não terá profissionais suficientes para lecionar na Educação Básica.
Precarização
O Centro mostra que sobram vagas nos cursos de licenciatura. Nas universidades públicas, 26,4% das vagas estão ociosas, porcentual que atinge 32,45% nas instituições privadas – um claro sintoma do desprestígio da carreira docente no Brasil.
A precarização da formação profissional também aumentou nos últimos anos, de acordo com a pesquisa do Inep.
Hoje, a maioria das matrículas concentra-se na educação a distância, presente em mais de 3,2 mil municípios brasileiros.
Em 2022, os alunos inscritos em cursos de licenciatura EAD representavam 81% do total. Quando consideradas apenas as instituições privadas, a proporção era ainda maior: 94%.
Baixas perspectivas
Na avaliação das entidades que representam os/as trabalhadores/as em Educação – como a CNTE e o SINDIUPES -, há diversos fatores que levam a esse quadro de baixas perspectivas por parte dos estudantes com a profissão e, consequentemente, ao abandono do curso e da carreira.
Entre elas estão os baixos salários, precarização das condições de trabalho, jornada extenuante, instabilidade na carreira, ausência de plano de carreira e grande número de contratações temporárias em detrimento de concursos públicos.
Ressalta-se que todos esses pontos sempre fizeram parte das lutas das entidades sindicais em prol da valorização profissional da categoria e seguirão sendo cobradas nas mesas de negociação com os gestores públicos.
Por isso, apesar dos dados preocupantes do Censo 2022, tanto a CNTE como o SINDIUPES acreditam ser possível reverter esse quadro. “É necessário valorizar a carreira docente e para isso é preciso que haja vontade política para a implementação efetiva de políticas públicas com ênfase na ampliação dos concursos públicos para garantir estabilidade e atrair o interesse dos mais jovens”, destaca Christovam Mendonça, integrante da Diretoria Executiva da CNTE e do SINDIUPES.
Fonte: Carta Capital e CNTE