Resgatar e valorizar a história da mulher negra e tirar da invisibilidade companheiras negras que sob o jugo racista e machista tiveram menosprezada sua importância histórica na formação das sociedades latinas.
Esse é um dos principais objetivos do Dia Internacional da Mulher Negra Latino- Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho.
A data é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe.
No Brasil, esse também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em referência à líder quilombola que se tornou rainha, resistindo bravamente à escravidão por duas décadas.
Para celebrar essas importantes datas, promover o debate sobre igualdade de gênero e raça e fortalecer a luta das mulheres negras, a Secretaria de Gênero do SINDIUPES convida trabalhadoras e trabalhadores em educação para participarem de uma Roda de Conversa no próximo dia 25 de julho (quinta-feira).
A atividade acontecerá às 16 horas no auditório do Sindicato, na Rua Gama Rosa, 216, 3º andar, Centro de Vitória.
É também uma oportunidade para estimular a reflexão sobre a condição das mulheres negras que são as maiores vítimas da violência, racismo, machismo, desemprego e da desigualdade social, e a partir daí buscar mecanismos para garantir respeito e dignidade a todas elas.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha foi instituído em 1992, no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana, para dar visibilidade e reconhecimento à presença e à luta das mulheres negras nesse continente.
No Brasil, em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff reconheceu o dia 25 de julho como uma homenagem à figura histórica de Tereza de Benguela, conhecida como “Rainha Tereza” no Vale do Guaporé (MG), e instituiu, por meio da Lei nº 12.987, o Dia Nacional da Mulher Negra.
Tereza de Benguela se tornou líder do Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados do então Governador Capitão-General da Capitania, Antônio Rolim de Moura. A líder quilombola viveu no século 18 e que foi morta em uma emboscada.
A população negra corresponde a mais da metade dos brasileiros: 54%, segundo o IBGE.
Na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes, de acordo com a Associação Mujeres Afro.
Tanto no Brasil quanto fora dele, porém, essa população também é a que mais sofre com a pobreza: por aqui, entre os mais pobres, três em cada quatro são pessoas negras, segundo o IBGE.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), dos 25 países com os maiores índices de feminicídio do mundo, 15 ficam na América Latina e no Caribe. O Brasil é o que tem o maior índice de feminicídios na América Latina.
Em um contexto de tanta violência, mulheres negras negras são mais vítimas de violência obstétrica, abuso sexual e homicídio.
De acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil.
Barradas dos meios de comunicação, dos cargos de chefia e do governo, elas frequentemente não se vêem representadas nem nos movimentos feministas de seus países.
Isso porque a desigualdade entre mulheres brancas e negras é grande: no Brasil, mulheres brancas recebem 70% a mais do que negras, segundo a pesquisa Mulheres e Trabalho, do IPEA, publicada em 2016.
Além disso, 71% das mulheres negras estão em ocupações precárias e informais, contra 54% das mulheres brancas e 48% dos homens brancos (IBGE).
Um outro estudo, realizado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em 2014, mostra que 68% da população das penitenciárias femininas do País são mulheres negras, contra 31% de mulheres brancas e 1% de indígenas.
Os dados também apontam que 49% da população penitenciária feminina do País têm menos de 29 anos e 50% possui apenas o ensino fundamental incompleto.
O levantamento revela, ainda, que o Brasil ocupa a 5ª posição da lista de 20 países com maior número de mulheres presas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China, Rússia e Tailândia.
Fonte: Portal Geledés
Confira, abaixo, outras datas em referência às lutas das mulheres no Brasil e no mundo:
24 de fevereiro – Dia da conquista do voto feminino no Brasil
8 de março – Dia Internacional da Mulher
30 de abril – Dia Nacional da Mulher
28 de maio – Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Morte Materna
25 de julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha
29 de agosto – Dia da Visibilidade Lésbica no Brasil
23 de setembro – Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças
28 de setembro – Dia pela Descriminalização do aborto na América e Caribe
10 de outubro – Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher
25 de outubro – Dia Internacional contra a Exploração da Mulher
25 de novembro – Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher
6 de dezembro – Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres