Mais de 650 trabalhadores/as em educação se reuniram em Assembleia de Plenária Geral do SINDIUPES, nessa terça-feira (07), de forma virtual, e elegeram 22 delegados e delegadas que representarão a categoria no 34⁰ Congresso Nacional da CNTE-Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.
A eleição registrou a inscrição de uma única chapa, CUT – Juntos Somos Fortes, que recebeu 92% de votos favoráveis (arredondamento), contemplando representantes de todas as regiões do Estado, além dos segmentos Racial, LGBTQIA, Gênero, Aposentados, Juventude, entre outros.
O Congresso da CNTE será realizado entre os dias 13 e 15 de janeiro de 2022, em formato virtual, e reunirá cerca de 900 delegados/as para definir o plano de lutas da Confederação e eleição da Diretoria da CNTE.
A Assembleia de Plenária Geral foi realizada pelo aplicativo Zoom com a participação de trabalhadores/as em Educação filiados/as que foram cadastrados/as previamente na Plataforma Digital do Sindicato, obedecendo o prazo mínimo de 7 dias.
Informes Gerais
A primeira parte das atividades foi coordenada pelo Secretário de Organização Christovam Mendonça que destacou nos Informes Gerais a necessidade de mobilização permanente dos/as trabalhadores/as em educação contra Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional que trazem prejuízos à categoria.
Entre eles está o PL 3418 que trata da regulamentação do Novo FUNDEB e abre a possibilidade para destinação dos recursos para outros fins e não somente para a valorização dos profissionais da Educação, como defende a CNTE e o SINDIUPES.
” O Fundeb é resultado de uma luta histórica para a valorização dos profissionais da Educação. Não podemos aceitar essas mudanças na legislação porque, consequentemente, esses recursos irão para o ralo”.
A Secretária Administrativo-Financeira Noêmia Simonassi também apresentou informações sobre a audiência com a equipe de governo, realizada no dia 06/12, reiterando a posição do SINDIUPES em defesa de valorização para todos os servidores e do cumprimento dos 70% do Fundeb.
“O SINDIUPES, a CNTE e a CUT defendem que municípios e Estado cumpram a lei e destinem os 70% do Fundeb para a valorização do magistério. Por outro lado é importante destacar que, nesses últimos dois anos, o maior impedimento para conceder abono ou reajuste a todos os servidores é a Lei Federal 173 do governo federal. E a nossa luta com o governo estadual é para a definição do percentual do reajuste e um abono a todos os servidores no início de 2022, tanto da ativa como aposentados”.
Webinário
A segunda parte da Plenária foi reservada à continuidade do 3⁰ Webinário do SINDIUPES – Zumbi e Paulo Freire – Cultura e Resistência, e contou com a palestra da professora Nilma Lino Gomes, doutora em Antropologia Social pela USP e pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra e em Educação pela UFSCAR.
Ex- Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Nilma Gomes abordou as similaridades entre Zumbi dos Palmares e Paulo Freire, como o combate à violência, a luta pela liberdade e o sonho de uma sociedade igualitária, além da presença do racismo estrutural, fenômeno perverso típico de sociedades com histórico de escravidão e colonialismo, como o Brasil.
“São duas personalidades que marcaram a história do nosso país, cada um no seu tempo, vivendo e ousando romper com pensamentos e práticas colonialistas. Mas o ponto comum mais próximo entre Zumbi e Paulo Freire é a indignação contra a opressão. Eles não se calaram, um diante do regime injusto da escravidão e o outro frente o regime militar e suas desigualdades, buscando a construção de uma sociedade livre e independente”.
Na visão da educadora, esses dois ícones representam ânimo e inspiração para os/as educadores/as na grande tarefa de construção de uma Educação Antirracista e no combate ao racismo estrutural.
“Não existe Educação Democrática se não houver uma Educação Antirracista. A partir do legado de Zumbi e Paulo Freire, o caminho é sempre nos indignarmos contra a opressão e as injustiças a que estão submetidos o povo negro e grande parte da população. E para que o nosso ofício seja libertador, para que a educação seja emancipadora, sem racismo, é preciso descolonizar os currículos e nossas mentes. Precisamos diminuir a distância entre o que que falamos e o que fazemos, como ensinava Paulo Freire, e aprender com o Movimento Negro Educador para descolonizar políticas educacionais e práticas educativas”.
Coordenado pela Secretaria de Relações Étnico-Raciais, o 3⁰ Webinário inclui outras atividades, como debates, oficinas e análises de textos, abrangendo um total de 60 horas, que também serão desenvolvidas por meio da Plataforma Digital do SINDIUPES.